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Fusões e aquisições: cenário de 2020 e perspectivas para 2021

Os processos de fusões e aquisições bateram recordes em 2019. No entanto, os imprevistos do primeiro semestre de 2020 causaram uma queda acentuada na área. Chegando ao terceiro semestre de 2020, percebe-se um aumento de investimentos na área imobiliária, cuja tendência é continuar enquanto as taxas de juros se mantiverem baixas. Para saber mais sobre o cenário dos próximos meses e as perspectivas para 2021, entrevistamos Luís Gelinski, managing partner da A3 Capital, empresa parceira da Pereira, Dabul Advogados.

Em 2020, observamos um aumento nos investimentos na área imobiliária com o consequente aumento de solicitações de Due Diligence nesta mesma área; pudemos observar também uma diminuição do investimento vindo do exterior. Você confirma esta percepção e se sim, acredita que esta é uma tendência que irá se manter em 2021, pós-pandemia?

Luís Gelinski: para a área imobiliária: certamente confirmo e entendo que teremos um crescimento ainda maior enquanto a taxa de juros estiver baixa. Para a área de fusões e aquisições: no Brasil tivemos um ano recorde em 2019 para fusões e aquisições e uma queda acentuada no primeiro semestre de 2020. Na minha opinião deveremos ter uma recuperação do volume de transações de fusões e aquisições no 3º trimestre de 2020 e em 2021.

Em um ano atípico, usualmente aqueles que continuam investindo tem um certo apetite para o risco. É possível que uma empresa com perfil mais conservador se beneficie desse tipo de investimento, ou agora é o momento para esta empresa segurar um pouco o crescimento?

Luís Gelinski: de fato 2020 é um ano atípico quando as incertezas aumentaram muito e por consequência uma aversão inicial aos riscos, que reduziram os processos de fusões e aquisições no mundo todo. Com o passar do tempo, os investidores estão se acostumando com esse novo risco e nós enxergamos um retorno do crescimentos de processos de fusões e aquisições para o final de 2020 e 2021. Respondendo tua pergunta, acredito que existirão muitas oportunidades para aquisições e fusões e mesmo as empresas mais conservadoras poderão se aproveitar disso. Acredito que novamente a taxa de juros baixa estimula investimentos na economia real, seja em ampliação ou melhoria dos negócios, seja por investimentos em aquisições. Associado a isso, o aumento de investimentos na Bolsa de Valores está promovendo um grande número de processos de abertura de capitais, com consequente maior liquidez nas empresas para investimentos. 

Assim como a realização da Due Diligence constitui-se numa etapa importante, também o valuation deve ser profundamente observado como etapa prévia a qualquer movimento. Quais os desafios que o momento tem apresentado nestes dois aspectos? Em quais aspectos é preciso ter uma maior cautela?

Luís Gelinski: Due Diligence é uma etapa muito importante em um processo de fusões e aquisições, mas o processo de fusões e aquisições é um processo que exige muitos outros cuidados e energia. Na minha opinião, não existe nenhuma etapa que demande pouca energia, criatividade ou foco nos detalhes e passa por todas as etapas, desde a preparação do material para investidores, comunicação e negociação com os investidores, due diligence, contratos e fechamento. De forma geral, diria que a média de um processo completo não seja menor do que 12 meses e a experiência dos assessores é fundamental para que o empresário não crie armadilhas que tirem valor ou criem complicações futuras.

Percebe-se uma tendência a ocorrência de fusões entre empresas locais ou até mesmo da aquisição por uma empresa de apenas uma linha de produtos ou serviços de outra empresa, adicionando-se linhas ao portfólio de uma empresa que esteja capitalizada por exemplo, e carente de uma determinada área de atuação ou de serviços. Observou-se em outros mercados que empresas que experimentaram um crescimento nas vendas de produtos durante o período de pandemia enfrentaram alguns problemas de logística, algumas delas optaram por investir na área, através da aquisição da parte logística de outras que se encontravam em condições de pouca ou nenhuma liquidez, por exemplo. Você acredita que essa possa ser uma tendência do mercado mesmo após este período?

Luís Gelinski: eu não acredito muito nessa linha. Acredito que as empresas continuarão focando no seu negócio e fazendo aquisições para ganhar mercados, portfólio ou geografias, terceirizando os serviços não essenciais para especialistas. 

Como você está vendo o momento atual para a área de fusões de aquisições e mesmo sabendo que há uma atipicidade ainda presente, alguma ideia do que se esperar para o próximo ano?

Luís Gelinski: acredito que assim que as incertezas diminuírem teremos um crescimento muito grande em todos os mercados e acredito que esse motor irá resultar em um grande número de investimentos em 2021.

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*por Luiza Guimarães

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*Comprometida com a democratização dos conceitos jurídicos a Pereira, Dabul Advogados Associados concede uma série de entrevistas para a jornalista Luiza Guimarães**. Em linguagem acessível, os artigos pretendem colocar em debate temas que preocupam o empresariado. 
**Luiza Guimarães é mestre em Comunicação Social pelo PPGCOM da Universidade Federal do Paraná, especializada em Jornalismo Internacional Digital pela Université Lumière Lyon 2, na França. Formada em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, também pela UFPR.

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