Investir em companhias que têm preocupações com Governança Socioambiental (ESG) é pensar a longo prazo. Segundo Michelle Edkins, Managing Director, Global Head da BlackRock, o dever fiduciário daqueles a quem o investidor confia a administração dos seus ativos está justamente na identificação dos desejos deste investidor. Se ele só quer o retorno rápido, talvez a preocupação com ESG não seja relevante.
No entanto, aqueles investidores que estão administrando carteiras de investimentos de longo prazo, tais como fundos de pensão, por exemplo, estes têm o dever de apresentar a este mesmo cliente o que o futuro deve trazer. ESG está no futuro das organizações, daí a necessidade de apresentar-se a preocupação e os investimentos correlacionados.
“Large Asset owners such as pension funds are forced to take a long term view because they have long term liabilities – they must plan to pay our retirement for the next 100 years”.
– Robert G. Eccles e Svetlana Klimenko, The Investor Revolution, Harvard Business Review (Maio-Junho/19)
O que é investimento sustentável? Para Robert G. Eccles e Svetlana Klimenko em seu artigo na revista Harvard Business Review, investimento sustentável inclui um menu de estratégias que podem ser utilizados de maneira combinada. Os itens mais comuns a serem avaliados são:
- Eliminar companhias que violam determinado set de normas, tais como os 10 Princípios do Pacto Global das Nações Unidas;
- Selecionar empresas com forte performance de ESG;
- Investimento em temas de sustentabilidade, tais como em fundos focados em acesso a energias renováveis;
- Integração em ESG (decisões estratégicas que incluem fatores de ESG);
- Investimento de impacto, focado em companhias que impactam positivamente em termos de ESG e ganham retorno de mercado com isso.
Dizer que o mercado não se preocupa com isso é um discurso ultrapassado. Com a chegada do Covid-19 e das questões raciais levantadas principalmente nos Estados Unidos, o “S”, em ESG, parece ter se tornado mais relevante. Contudo, não se pode esquecer ou ainda estabelecer graus de importância excludentes entre os temas. A Coréia do Sul apresenta seu “Green New Deal“, a Europa fala no impulso ainda maior aos carros elétricos em alguns de seus pacotes de recuperação. O meio ambiente e a sociedade estão mais presentes do que nunca nos planos, e metas de recuperação das economias.
Segundo John Goldstein, Head of Sustainable Finance Group na Goldman-Sachs, é preciso ser objetivo. Pesquisar e estabelecer indicadores de performance sérios para que se possa ter noção do que o futuro reserva não é um exercício de adivinhação. Para os fundos da Goldman-Sachs, empresas que investem em Crescimento Inclusivo e Transição Climática são as que merecem sua atenção. Para tanto, objetivamente analisam KPIs específicos. No caso do Crescimento Inclusivo como indicador macro, há que se analisar especificamente o engajamento específico da empresa em projetos de educação, saúde e inclusão financeira em comunidades. Se vamos eleger a Transição Climática, então há que se focar especificamente nas iniciativas de produção de energia limpa, agricultura sustentável e transporte sustentável. ESG não é um estilo de vida para o investidor, mas uma questão de análise dos números.
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Texto: Alessandra Dabul
Edição: Luiza Guimarães