SALA DE LEITURA

Covid-19 e a Insegurança (jurídica, em especial)

*por Alessandra Dabul

Desde meados de março, o Brasil vive um contexto especialíssimo. Para a grande maioria da população esta é a primeira experiência, num cenário global, de uma ruptura considerada extrema e sem controle.

Já no início do ano, nós brasileiros, de uma forma geral, agimos como expectadores de algo que tínhamos certeza que chegaria até nós, era somente uma questão de tempo. Algumas empresas, instituições e prestadores de serviços chegaram a preparar-se para que estivessem estruturadas de modo a conseguir manter em bases razoáveis a sua produção ou seus serviços.

Os integrantes de Conselhos de Administração, diretores e gestores em geral nunca trabalharam tanto debatendo e implementando estratégias para aliviar o impacto de algo enorme que viria. Aqueles que conseguiram planejar estrategicamente estão navegando em águas menos turbulentas. 

Aqueles que conseguiram gerir os seus negócios e tiveram a oportunidade de “colocar em prática” todas as horas investidas em cursos de especialização em gestão, liderança, riscos e planejamentos estratégicos acabaram por fazer a tal “lição de casa” e com coragem provisionaram, planejaram, executaram e seguiram em frente em um momento de absoluto desconhecimento dos rumos que a economia tomaria. Os sistemas de saúde ao redor de boa parte do mundo, já carentes e sem recursos, não tiveram tempo de reação e tanto os elevados custos como a burocracia pública para liberação de recursos – acrescido de irregularidades e uma considerável dose de egoísmo e má vontade – conduziram o mundo ao patamar atual. 

Enfim, o vírus chegou e expôs as mazelas do mundo.

Não estávamos preparados, sabendo que seríamos varridos por algo desconhecido, fomos tapando os buracos em nosso país, em nossas empresas, em nossos relacionamentos. Não acreditávamos que algo tão surreal viesse para ficar.

O medo tomou conta de pais, mães, filhos, empresários, gestores públicos, profissionais de saúde, de todos enfim. No primeiro momento, houve uma pressão enorme para que a economia “congelasse”, para que nada acontecesse e para que as pessoas pudessem ficar seguras em suas casas. Decidido por poucos que era a hora correta de parar, como se uma pandemia se movesse na velocidade de uma frente fria que vai para o oceano, decidiu-se que tudo voltaria ao normal no máximo em dois meses.

Não há que se falar de “novo normal”, expressão rasa e que muito pouco acrescenta sustentando apenas a ânsia de tentar prever o futuro e aceitando que novas regras de convívio surgiram como se viessem para ficar.

A verdade é que a engrenagem burocrática é lenta. Não anda. Há uma dose extrema de subjetividade e o desgoverno é tamanho que chegamos a sentir inveja das formigas. 

Legislações transitórias dão alento. Não resolvem. Oportunismo contratual, também pode trazer alívio imediato àqueles que entendem que terão alguma espécie de ganho com isto, mas sabemos, causarão danos a toda uma cadeia produtiva interdependente. Vamos precisar de tempo e teremos que investir como nunca em nossos negócios, no auxílio ao próximo, em nossos relacionamentos.

Palavras bonitas, ações isoladas, aliviam, não resolvem.

Há um ambiente de total insegurança: jurídica – em todas as áreas do direito; relacional, comercial, ambiental. Não se vê um retorno ao “status quo” e isso será ótimo. 

Você que é empresário ou um profissional liberal já percebeu: estamos sós.

Esta é só uma verdade que veio à tona. Você já sabia que seu negócio dependia de você e de mais ninguém. A legislação transitória está te ajudando? O que ela está contribuindo em ações planejadas no médio ou no longo prazo?  A simples postergação de obrigações realmente está te ajudando? 

Nosso país carece de um reconhecimento de que a iniciativa privada gera empregos e muitos. Até meados de março a iniciativa privada era responsável por mais de 70% dos empregos gerados no país. Do grande ao pequeno empresário, a iniciativa privada carrega este país nas costas, sem qualquer alento por parte das instituições financeiras ou de programas governamentais. 

De fato não queremos o “status quo”. Merecemos um futuro mais promissor do que isso.

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